A razão Nau/Ku tem mostrado boa correlação com Nau24h ≥ 78 mmol/dia, com valores cutoff variando entre os diferentes trabalhos5, 6 and 7. Segundo as orientações da AASLD, nos doentes que não respondem ao tratamento diurético deve ser feita a quantificação da excreção de sódio de forma a determinar se os doentes ingerem mais sal do que o permitido ou beneficiam do aumento dos diuréticos3. Nesta edição PF-562271 do GE, Marcos da Silva et al. publicam um trabalho que pretendeu comparar a determinação pontual de sódio urinário com a determinação de sódio na urina de 24 horas
para avaliação da natriurese em doentes cirróticos com ascite, numa população da América Latina. Neste estudo transversal foram incluídos 20 doentes em regime de ambulatório ou
internamento, observados num período de 18 meses. Este grupo de doentes era predominantemente do sexo masculino, com idade média de 54 anos. Relativamente à etiologia da doença hepática verificou‐se um predomínio da doença hepática alcoólica, com ou sem infeções associadas por vírus hepatotrópicos, sendo de salientar a prevalência mais elevada de infeção CTLA-4 antibody por VHB e VHC, comparativamente aos países europeus. De acordo com o esperado e já anteriormente reportado, os doentes com maior compromisso de função hepática (score MELD mais elevado) foram também os que apresentaram menor excreção de sódio na urina, verificando‐se correlação entre a determinação da Nau/Ku e a excreção urinária diária de sódio. Ao contrário do observado noutros trabalhos, não se verificou diferença entre o grupo com baixa excreção e o grupo com Nau24h≥ 78 mEq, relativamente a indicadores de hipertensão portal (plaquetas e leucócitos), de compromisso da função renal (ureia) ou compromisso da excreção de água livre, secundário a ativação neuro‐hormonal (elevados níveis de ADH), traduzido por valores mais baixos de sódio sérico. Relativamente à correlação entre a determinação ocasional da razão
Nau/Ku e a determinação Nau24h, este trabalho vem confirmar o que tem sido descrito, com uma acuidade de 80%, PPV e NPV de 90%, para um cutoff de 15, 6, 8 and 9, sugerindo que este método pode ser utilizado com fiabilidade na prática clínica da avaliação dos doentes com ascite. Este estudo vem, mais about uma vez, reforçar a importância da medição da excreção urinária de sódio nos doentes cirróticos complicados com ascite, de forma a poder identificar corretamente os que beneficiam dum aumento das doses de diuréticos, evitando as complicações do seu incremento desnecessário e inadequado e da realização de manobras invasivas, nomeadamente paracenteses de grande volume. A dificuldade na recolha da urina de 24 horas é assim ultrapassada com a determinação pontual da razão sódio/potássio na urina, que apresenta uma elevada acuidade diagnóstica (80%), sobreponível aos dados disponíveis na literatura.